sábado, 27 de setembro de 2008

WikiCrimes - Uma Wikipédia de crimes reais!

Vasco Furtado, criador do site WikiCrimes



Muitas iniciativas inovadoras fazem da Web 2.0 sinônimo de futuro. No entanto, grande parte dos sites se perde entre a concepção e a popularização por falta de um objetivo útil. Dessa forma, por que não utilizar ferramentas dessa nova tecnologia para proporcionar um serviço como é o caso do registro de crimes? Em uma iniciativa pioneira, Vasco Furtado, professor da Universidade de Fortaleza, criou o site Wikicrimes.org para essa atividade. O Wikicrimes permite acessar e registrar ocorrências criminais em um determinado local representada por um mapa, como no aplicativo online Google Maps. Zonas perigosas são identificadas, alertando usuários e órgãos públicos para planejamento de suas ações. As informações podem ser postadas do mundo todo e trazem transparência às informações criminais. Há ainda a classificação de acordo com o tipo de ocorrência, filtrando a pesquisa.

É necessário um rápido cadastro para se registrar um caso, mas isso auxilia na prevenção de spamers. “Indiscriminadamente, pode ser um espaço para falsas notificações. Esse compromisso entre facilidade de participação e credibilidade é nosso desafio constante”, garante. Ainda é possível postar fotos, vídeos, linkar qualquer matéria jornalística ou mesmo informar o número do boletim de ocorrência policial para comprovar a denúncia.

A página obteve mais de 45 mil visitas nos primeiros quatro meses, com mais de 2 mil cadastros. “Temos visitantes de toda a parte do mundo, com os brasileiros em maior número, seguidos pelos espanhóis e portugueses. Fortaleza e Rio de janeiro são as acidades mais participativas, mas o Rio é a cidade que mais acessa”, explica o professor.

Pelo alcance mundial, o Wikicrimes foi até citado como exemplo de iniciativa útil na última Web 2.0 Expo San Francisco, em abril. Por isso também, Furtado planeja ir à Florença, na Itália, para discutir sobre a possibilidade de uma versão do site para a Europa em francês, espanhol e italiano, além da já existente em inglês e português. Está nos planos também uma expansão para crimes como tráfico de drogas.

Toda a idéia veio quando ele fazia pós-doutorado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. “Percebi o quanto os conceitos da Web 2.0 têm sido debatidos e estudados e, quando uma pessoa é assaltada ou sabe de um crime, ela avisa amigos e parentes para não tomar aquela estrada ou não estacionar naquela rua", explica, referindo-se à interação presente na tecnologia. Como já trabalhava com pesquisas em Tecnologia da Informação para Segurança Pública há mais de dez anos, o conceito foi apenas uma questão de tempo.

Furtado encara a Web 2.0 como “mais que uma inovação tecnológica, uma nova forma de viver em sociedade”. De acordo com o acadêmico, é uma espécie de “cultura do compartilhamento” de informação, cuja utilidade é justamente dividir conhecimento. “É por isso que fiquei tão contente
quando o WikiCrimes passou a figurar como um conceito na Wikipedia. Esperamos que seja um sucesso pelo menos próximo a ela”, reflete.

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