sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Atualização de blog em lua-de-mel indica compulsão, dizem especialistas

O músico Lucas Lima e a atriz Juliana Paes devem ficar atentos: a vontade incontrolável de postar em diários virtuais em vez de viver no mundo real é vista por especialistas como um vício ou, no mínimo, compulsão pela internet. Ambos surpreenderam internautas na última semana ao atualizarem seus blogs em plena lua-de-mel.

O caso de Lucas foi o que mais repercutiu na internet: algumas horas após seu casamento com a cantora Sandy, o músico já havia postado suas impressões sobre a festa e prometia divulgar mais informações no decorrer do fim de semana.

No dia seguinte, apareceu novamente on-line para negar a notícia de que o "Fantástico" (Globo) teria feito cobertura exclusiva da festa. O título do post: "Não rolou, não!". Lucas ainda retornou ao blog na quarta-feira (17) para dar uma dica de livro.

"A gente percebe que as pessoas preferem se comunicar pela internet quando passam por alguma situação na qual não estão se sentindo bem", diz Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do projeto Dependentes de Internet, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

A atriz Juliana Paes, por sua vez, diz ter feito seu relato on-line direto de "um paraíso nacional". "Quem tem costume de acessar o site sabe que eu não sou muito de atualizá-lo", iniciou, "mas o casamento, que já virou assunto público há muito tempo, merece ao menos um breve comentário meu."

"Não é apenas o tempo que determina o vício. Ele ocorre se você deixa de lado sua vida social, profissional ou familiar pela internet", diz Dora Sampaio Góes, psicóloga que também trabalha com dependência de internet no Hospital das Clínicas (zona sul de SP).

"É uma modalidade das mais esquisitas [postar na lua-de-mel], mas prefiro não usar o termo vício, e sim uso patológico ou compulsivo da ferramenta", afirma Rosa Maria Farah, coordenadora do NPPI (Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática).

O Hospital das Clínicas tem tratamento psiquiátrico semanal para adultos e adolescentes. Durante 18 semanas, um grupo de pacientes se reúne por 1 hora e 30 minutos. Segundo os médicos, dependentes severos podem precisar de ajuda com medicação.

"O vício passa a ocorrer quando a pessoa prefere trocar as experiências do mundo real pelas experiências do mundo virtual", diz Abreu. Quem quiser descobrir se é dependente da tecnologia pode fazer um teste on-line.

Fonte: Folha Online

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